segunda-feira, 31 de janeiro de 2011


Pessoas bem resolvidas não se expõem demais, não adjetivam demais, não são vaidosas demais... são justas, leais, podem sair um pouco dos trilhos, mas não escorregam feio. Pessoas bem resolvidas não falseiam intelectualidade nem condenam os cultos, conhecem seu lugar no mapa da vida e ocupam-no fazendo a diferença que sabem fazer, sem a garupa dos outros, sem a sombra de quem quer que seja. Pessoas bem resolvidas têm altos e baixos, são sutis, delicadas e leves... arrancam os espinhos antes de dar as flores, mesmo que furem seus dedos. Pessoas bem resolvidas não usam máscaras nem fingem alegria; não desconfiam de tudo e de todos, olham mais para a frente do que para trás; falam menos do que ouvem e silenciam quando não têm o que dizer. Pessoas bem resolvidas não jogam, vivem e convivem em harmonia com o universo e as energias que as circundam. Pessoas que saem desse perfil são inconvivíveis, só atrasam a vida (delas e de quem as cerca) e fazem a vida difícil! Quero a suavidade da flor em cada amigo... juro que estou tentando construir uma via de mão dupla. Chega de andar na contramão, atropelando a felicidade!

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Adeus


O olhar tão quente
mas as palavras mornas
muitas
a dizer sem dizer.

Tão perto e tão longe
tão longe e tão perto
que o coração esfriou;
fosse apenas geográfica a confusão
e eu me teria convencido a ficar
sob condição, mas não.

Foi bom enquanto durou,
enquanto
mãos e pernas percorriam
curvas e retas
e corriam na contramão
querendo
o tempo perdido

Mas, na profundidade do abismo,
fez-se silêncio
e antecipou-se o adeus...

Foi preciso.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Quero o adocicado sumo da vida!

O que eu quero mesmo  da vida é seu sumo adocicado. O coração batendo com o cheiro de chuva, cedendo à  vontade de tomar banho de bica como quem lava a alma. Viajar na imaginação e voltar ao tempo em que se podia confiar na palavra empenhada.  Gostaria de a tudo ouvir  desarmada e não ter nunca que aumentar a voz ou duvidar das boas intenções alheias. Queria aprender a calar nos momentos de raiva e saber esperar serena pelo que tem escrito em meu destino. Lutar apenas com ideias, brigar somente com as palavras que me faltam na hora de dizer adeus, esquecer que as feridas saram, mas deixam cicatrizes. Gostaria de ressuscitar a gentileza, consolar os que choram, fazer crescer o nariz dos que mentem, aliviar as dores de quem sofre e ser capaz de dar esperança a quem a perdeu. Mas é  difícil a caminhada de quem quer ser justo, porque  é árdua a seiva dos invejosos, é cruel a sanha dos egoístas e feroz o bote dos hipócritas. Quando nos damos conta, o sumo da vida azeda, a alma cria fuligem e as palavras tornam-se ácidas... Não é fácil viver num mundo de valores invertidos, conviver com o personalismo dos vaidosos e com a quase imperceptível periculosidade dos esquizofrênicos não tratados. Só peço a Deus que eu continue a sonhar, apesar dos ‘apesares’ da realidade, e que meu coração permaneça  vacinado contra o ódio e o desamor;  que eu nunca desista de aprender a transitividade do verbo amar, apesar dos imprevisíveis objetos que lhe podem querer servir de complemento.