Fui-me embora da cidade, não de ti.
Deixei-me um pouco no amassado dos lençóis da cama, na mancha do vinho que
derramei na toalha da mesa, nos rastros sutis marcados no tapete, na louça que
ficou suja na pia. Tu encontrarás minhas digitais nos livros da estante, na
torneira mal fechada que ainda pinga os meus descuidos, nos objetos que toquei
despretensiosa. Estarei na mudez do cão que te verá atravessar sozinho a rua,
na luz que permanecerá apagada na antessala, no teu sono confuso e no
toque da tua mão que me procurará ao lado. Estarei em ti eternamente, porque
parti desejando ficar para sempre!
Aíla Sampaio
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