segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Talvez



Ela sempre se apressa a mudar o rumo que os pensamentos tomam quando atravessa a rua e sente a tarde cair sobre os flamboyants floridos. Há qualquer punhal escondido sob o tapete de pétalas vermelhas que a faz sangrar; há lembranças ainda úmidas da última primavera em que se sentiu dona de um jardim. Talvez devesse jogar as recordações na primeira chuva, para que o passado escorresse pelas quatro águas de sua memória. Talvez devesse nunca esquecer que alguns amores já nascem com a data da extrema-unção; deixá-los vingar é permitir um crime contra a própria felicidade.

Aíla Sampaio






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