quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Via crucis





Fiz-me das sobras da tua sorte como se eu fosse a sombra das tuas árvores. Fechei tantas vezes os olhos pra não enxergar a chaga, mas a vida fez questão de estampá-la nas pedras dispostas no caminho, na nossa incompetência para desviá-las e criarmos nós mesmos a nossa estrada. Desisti das roupas de Amélia e vesti as de Madalena para fazer a via crucis daquele amor, na esperança de que, após a morte, houvesse a ressurreição. Restaram-me silêncios, espasmos de interrogações sem resposta e o resto da vida pra costurar as incertezas.


Aíla Sampaio




Não engulo mais lágrimas nem desaforos. Não escondo mais amor nem sofrimento. Se viver é um verbo escandaloso, porque conjugar suas delícias e dores em silêncio?

Aíla Sampaio

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