Tudo é
nosso sempre temporariamente. Já nascemos sob o signo do efêmero e da
imprevisibilidade. É a vida, que, como dizia o poeta Júlio Salusse, é
"manso lago azul, algumas vezes mar fremente". Que mistério a faz tão
mágica e, ao mesmo tempo, tão trágica?
Como numa gangorra, ora estamos no chão, ora no alto. Do riso faz-se o pranto, como versejou Vinícius; das lágrimas formam-se rios de felicidade. Onde a lógica para tanta mudança de humor e estações? Onde a explicação para as tão enigmáticas estradas que nunca sabemos aonde vão dar? Caminhamos imaginando um destino que só se desenha no limiar do agora.
Viver será sempre costurar auroras a crepúsculos, mas manter as pontas soltas; será sempre um alinhavo cuja linha pode romper-se a qualquer movimento. Nada dura pra sempre e, se não podemos deter o que há de bom, também teremos prazo para o fim das nossas tragédias íntimas. Se a certeza da fugacidade nos retém às perdas, também dá trégua às nossas dores.
Como numa gangorra, ora estamos no chão, ora no alto. Do riso faz-se o pranto, como versejou Vinícius; das lágrimas formam-se rios de felicidade. Onde a lógica para tanta mudança de humor e estações? Onde a explicação para as tão enigmáticas estradas que nunca sabemos aonde vão dar? Caminhamos imaginando um destino que só se desenha no limiar do agora.
Viver será sempre costurar auroras a crepúsculos, mas manter as pontas soltas; será sempre um alinhavo cuja linha pode romper-se a qualquer movimento. Nada dura pra sempre e, se não podemos deter o que há de bom, também teremos prazo para o fim das nossas tragédias íntimas. Se a certeza da fugacidade nos retém às perdas, também dá trégua às nossas dores.
O grande aprendizado é equilibrar-se
nas incertezas; fazer contas que não fecham quando almejamos resultados exatos
sem o desespero de ficar, de vez em quando, no vermelho. Somos tão
perecíveis quanto a fruta que espera a dentada (ou o apodrecimento) na
fruteira. Temos urgências e desesperos atravancados em longas filas de espera.
Como sobreviver a tanto dilaceramento?
Entendendo que o tempo é HOJE sempre!
Vivendo as agruras e as benesses com a mesma coragem e humildade, guardando no
coração somente o que foi bom. Não há fórmulas. Há posturas diante dos
acontecimentos, aprendizados com a experiência. Só ela nos pode dar
discernimento para gritar ou calar; para declarar estado de emergência ou
sucumbir de uma vez. Não há livro de autoajuda que nos cure a dor de ter uma
alma que não cabe no próprio corpo! Não há existência pacífica... Somente
a aceitação da própria condição pode nos impulsionar às mudanças, pois não
se cura um mal se ele não for diagnosticado.
O que fazer, então, nessa fila
interminável de esperas que é a vida? Não há outra forma senão viver... um dia
de cada vez, de olhos abertos para a luz e sem expectativas! Sem lamentar o
trem perdido, o amor que se foi, a oportunidade que passou, porque todas as
coisas têm o seu tempo exato para acontecer e o seu prazo de permanência. O que
verdadeiramente nos pertence nunca sai definitivamente da nossa história. Pode
até ir, mas sempre dará um jeito de voltar. E, se não voltar, será o
melhor que nos poderia ter acontecido.
Aíla Sampaio