quinta-feira, 8 de outubro de 2015


Eu e o poeta, certa noite em Copacabana, trocando confidências...





O que eu tinha a dizer perdeu a importância. Só o silêncio comporta a integridade das palavras com que não consigo traduzir o que sinto. Nasci com o fuso horário defeituoso: estive sempre me antecipando ou atrasando, num vai-e-vem de cedos e tardes que nunca me permitiu a serenidade do tempo certo.

De repente o vazio, essa tempestade oca, que arrasta telhados inexistentes e apavora os pássaros que cantam para me acordar... Não adianta contabilizar os anos vividos para saber a minha resistência. As idas e vindas de humor, amor, desamor e amarguras não têm medida possível nem registro além dos vincos na pela e na alma.

Escondo-nos atrás de lentes e sorrisos para conjugar o verbo 'passar' sem lágrimas. E tento ser feliz mesmo sem saber o que me resta.

Aíla Sampaio