domingo, 27 de dezembro de 2015

Entre o nada e a mágoa




Dos incêndios de que fui labareda
restam as cinzas.
Nada permanece, nem mesmo o sentimento:
estreita vereda por onde os córregos
desviam as águas...

Entre o nada e a mágoa
escrevo e, 
com a minha palavra,
um novo dia nasce
devorando a carne do tempo
refletindo nos espelhos
a minha perdida face.

Se é de vento a nossa casa no mundo
se tudo é vão ante o tufão
da morte que tudo arrasta
e finda até o que mal tem começado,
que seja intensa a vida
e bem colhido cada dia...

que vire flor todo punhal arremessado!

*
Aíla Sampaio




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